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Velhos fantasmas e uma estação abandonada.

Na estação de trem abandonada havia nomes gravados nas paredes com giz branco, cacos de telha, riscos de pregos enferrujados, restos de uma tinta que já perdeu a cor e alguns rabiscados com os dedos lambuzados de terra vermelha encardida.
Era “Maria esteve aqui”, “Salve 1936”; “Teamo para sempre, Carlos”; “Ainda não morri, Zito Cascão”; “JoãoE Maria, Carnaval de 1940”. O guichê oval, guarnecido de madeira envernizada tinha riscos de caneta tinteiro, nomes gravados com lápis, com estilete, com unhas, como se as pessoas quisessem preservar o nome para sempre. Talvez tenham preservado. Será que a estação ainda existe, com sua plataforma que dava para o córrego da Corredeira?
Plataforma onde vimos pela última vez a moça tomar o trem para Santos Dumont e pegar o noturno para São Paulo, e que dava adeus abanando um lenço branco de perfume suave e que, numa noite friorenta, nos foi dado aspirar longamente debaixo dos ramos enluarados de uma jabuticabeira em flor.
Foi embora junto com o trem, deixando o gosto do beijo leve e embriagante. O trem parou de circular e o mato tomou conta dos trilhos onde cobras se espreguiçam sobre os dormentes de madeira apodrecendo.
A moça ficou nos cantos escuros da memória e de vez em quando volta quando há um perfume no ar. O trem no qual ela partiu nunca mais voltou de lugar nenhum.

Juvenil de Souza ainda vai ser crooner de banda de rock.

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