English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Um ninho de João de barro

Ontem de tarde percebemos que um casal de João de barro estava começando a fazer seu ninho de amor no poste de eletricidade que fica defronte à janela do nosso quarto.
Notamos um canto diferente dos bandos de velhos pardais que chilreiam à tarde toda nas árvores das calçadas até anoitecer e calar de vez. Era um canto nítido e claro de um João de Barro, que fazia anos que a gente não ouvia. Eles começaram a fazer o ninho de barro aos poucos e ficamos matutando de onde eles achavam o barro vermelho e consistente e que ia ficando duro como tijolo com o passar dos dias.
O ninho fica numa cruzeta do poste, junto aos fios de eletricidade e de telefones e os passarinhos nem se incomodam com isso. Vão e vêm toda hora e a cada bolinha de barro colocada é um trinado de alegria como que a dizer – “daqui a pouco nossa casa está pronta”.
Deu saudade dos velhos ninhos de João de Barro, do quintal onde a gente morava, da casa, das ruas. E deu mais nostalgia ainda saber que não existe mais casa, nem quintal nem família e que até o João de Barro veio morar na cidade grande, trabalhando como operário num poste poluído de uma rua sem nome na cidade grande cheia de prédios sujos e pessoas insensíveis.

Juvenil de Souza ganhou cinco reais na raspadinha e tem dinheiro para comprar fósforo o mês inteiro.
Próximo texto
Página anterior

Nenhum comentário:

Postar um comentário