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Viterbo revisitada

Outra vez te revejo neste fim–começo - de ano chuvoso e com um pouco de frio nas articulações reumáticas. Na rua de paralelepípedos pretos e lisos, que mantêm sua forma para todos os tempos, meus sapatos gastos se gastam um pouco mais, os pardais são ainda os mesmos ancestrais de si mesmos, nos velhos quintais, os pés de manga resistem, eternos, com seus morcegos nas noites silentes. Outra vez te revejo, mas não me revejo nas tuas ruas como antigamente.
Me procuro na praça da Matriz, que não responde. Na rua de cima, só um eco, e na rua de baixo, aquele córrego ainda corre? As antigas moças ardorosas passeiam atrás dos carrinhos de compra dos supermercados, esquecidas de si mesmas, dos bailes que dançamos, das músicas que cantamos aos seus ouvidos em serenatas de brumas brancas, desafinados corações ardentes e solitários. Outra vez te revejo e ainda me perco nos teus labirintos, como se fosses a mesma daquele tempo de antigamente, quando havia trens, cinemas, piqueniques crepusculares nas cachoeiras, correio-elegante, namoro escondido, música nos alto-falantes.
Somente as mangueiras continuam as mesmas na sua generosidade calorosa e ardente, oferecendo os frutos amarelos naquela esquina em que, um dia, nos descobrimos amantes eternos para sempre.

Juvenil de Souza finge que volta à cidade natal para escrever mais uma crônica.
Na verdade, nunca mais voltou.


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