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Tempos modernos

O sabonete era Lifeboy, vale quanto pesa e se tomava banho na bacia, o fogão era de lenha, o leite vinha do sítio, o doce era feito em casa, as frutas eram colhidas no pé, tinha galinhas e alfaces verdes no quintal, ninguém passava fome e não havia mendigos nas ruas.
O dinheiro valia, todos se conheciam nas ruas e tinham o seu lugar na vida que parecia imutável: o pedreiro era pedreiro, padeiro, padeiro, alfaiate, alfaiate, ferreiro, ferreiro... A cadeia era só para os bêbados dos fins de semana e não havia roubos, assaltos nem drogas. A vida corria lenta como o trem que a gente ia ver na estação de longos adeuses apitando na curva do João dos Passos levando embora a menina de olhos verdes que morava na Vila Ranzani. Naquele tempo
homem era homem e mulher era mulher.
Aí veio o tal de progresso e trouxe a matéria plástica, o asfalto, rádios de pilha, lixo espacial, televisão, automóveis, terceiro sexo, viagra, comida congelada,
computador, internet, globalização, desemprego e a violência. Não sabemos o que mais virá para melhorar a vida da gente. Com isso, o trem foi embora e levou a morena de olhos verdes...

Juvenil de Souza é saudosista.

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