Todos sabiam exatamente quando era tempo de manga, de goiaba, de gabiroba, de cajá manga, caju, pitanga, marmelo, marolo e araticum. Mas agora, aqui na cidade grande, a gente tem dificuldade em lembrar, porque não tem pé de fruta, só prédios e ônibus soltando fumaça pela chaminé. Só quando vamos passear aos domingos na praça é que sabemos de qual fruta é tempo, porque os vendedores ambulantes vendem as frutas em carriolas de pedreiro no meio das calçadas.
E aí vê marolo que vem de Goiás, caqui de Jundiaí, cajá-manga não se sabe de onde e por aí afora. Os vendedores são desempregados que fazem bico e as frutas não são de muito boa qualidade, mas dá para enganar a vontade que a gente tem de comer uma fruta como antigamente, fruta fresca de verdade e não molhada com uma garrafa de água para parecer ter sido apanhada recentemente.
Levamos algumas goiabas para casa e vamos tentar saborear pensando que ainda somos o mesmo menino inocente trincando uma fruta fresquinha pegada no pé. Em casa, a gente sente que a goiaba não tem gosto nenhum, parece isopor colorido insípido e insosso. Será que ainda existem goiabas de verdade neste mundo?
Juvenil de Souza vai mudar para um quarto menor para economizar no aluguel.
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