Carne, nem falar durante 40 dias depois do Carnaval, jejum total. Nas ruas, um silêncio sepulcral da Quarta-feira de Cinzas. Sinos calados, só se ouvia o matraquear das matracas anunciando as missas. A procissão era interminável, a gente olhava as meninas, ficava perto delas, ainda lembrando os encontros do carnaval, pecado terrível que levaria todos para o inferno, se houvesse inferno.
A suprema heresia foi um beijo escondido no canto escuro de trás da matriz e depois comer bauru de carne no bar, na madrugada silenciosa. E aí, vinha o sábado da aleluia para malhar o Judas o eterno traidor.
Ficávamos esperando o bimbalhar dos sinos anunciando a liberdade e era aquela farra. Judas malhado, carne na mesa, acabava a quaresma e a vida floria juventude cheia de sonhos esternos. Ficava o gosto gostoso dos pecados da carne, delícia das delícias. Até hoje...
Juvenil de Souza vive bêbado de
amor todas as horas de todos os dias.
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