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Galeria do amor

Primeiro foi Ana de cabelos longos, olhos pretos, sentava na primeira carteira da escola e tinha letra miúda e fina.
Morava na fazenda Amália.
Depois, Maria fez a gente sonhar acordado debaixo das mangueiras frondosas de folhas verdes.
Joana tinha uma pinta preta na perna morena e olhava a gente de jeito estranho, sonhadora e longínqua.
Outra Maria corria na grama descalça, vestidinho azul.
Luísa se fingia de louca, morreu cedo.
Carmem tinha vindo de São Paulo, falava arrastado com sotaque espanhol e usava shorts curtíssimos.
Eliana tinha voz rouca e beijava a boca da gente longamente como sanguessuga.
Rosa era tímida, gostava de cantar, a voz cristalina tinia nos ouvidos como um sino.
Helena tinha o porte altivo de uma deusa.
Rita era morena e sensual.
Maria Baiana era mulher da vida, tinha todo amor para dar. Marli usava brincos escandalosos, de ouro. Boca fria beijava sem desejo, fugiu com um cigano e nunca mais foi vista.
Aneci morava no sítio. Encontrei-me com ela na quermesse e terminamos a noite num beijo ardente a caminho da casa dela na cava da estrada de terra. Ela mandava cestas de laranja doce, goiabada amarrada em palha de milho, pamonhas, mexerica, limas, jabuticabas, mangas maduras, milho verde e até galinhas vivas e bilhetes apaixonados.
Com o tempo, foi esquecendo da turma e sumiu...

Juvenil de Souza teve amores,
mas nunca teve amor
.


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