English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Doce perfume embriagador...

Era o tietê passarinho miúdo e viajeiro de peito amarelado catando insetos nas folhas das árvores que primeiro avisava. Depois, o cantar álacre e vivaz dos sanhaços azuis e o zunir das abelhas não deixavam mais dúvida. Para completar os avisos, as nuvens-carneirinho-branco passeavam no céu azul e límpido. Estes sinais davam conta de que a cidade inteira, da rua de baixo até a rua de cima, sem contar as colônias e a fazenda Amália, estava inteiramente tomada pelo perfume adocicado e suave das flores das jabuticabeiras de fundo de quintal oferecendo o perfume mais ativo, mais cativante e embriagador. Daqui de longe, respirando o ar sujo e escuro da fumaça dos ônibus, fechamos os olhos, esquecemos a janela de vidro quebrado e o motor fumegante e sente, de novo, como naquele tempo, a embriaguês do perfume que ficou.
E sonhamos de novo os dias febris de inverno nas férias de julho, quando as moças em bando, invadiam subitamente as ruas e praças da cidade, deixando nosso coração palpitante e trêmulo de paixão pela mocinha de olhos negros inesquecíveis. E relembramos o momento cristalizado debaixo das jabuticabeiras em flor na madrugada fremente quando a luz do poste, fria e sem graça, mostrava, como num filme mudo, a sombra de dois amantes abraçados
num beijo lento e demorado. Vai embora tietê sem graça que veio lembrar a gente de tudo aquilo que não queria lembrar.

Juvenil de Souza mata passarinhos
com espingardinha de pressão.



Próxima crônica
Página Inicial