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Chega o inverno no coração enregelado...

O céu de maio era de um anil sereno, nuvens imitando carneiros e um sol ardido nos olhos crestava as folhas das frágeis plantas da beira do córrego gelado de águas límpidas. A gente era romântico e o coração ardia por amores impossíveis e distantes. Sonhava com namoro no portão de tramelas expostas,beijos furtivos, fuga para uma cidade distante, como um casal de ciganos perdido nas estradas sem fim. Foi naquele tempo de frio, pêlos eriçados nas pernas e braços, na quermesse ardente que ela apareceu rodeada de pessoas estranhas, sorriso franco e encantador, blusa branca de lã, um gorro francês, mulher de todos os sonhos e de todos os desejos. Correios-elegantes dispararam como torpedos, mas nenhum atingia o alvo, o coração e a alma da jovem desconhecida de olhar indiferente e altivo. Durou três dias a quermesse, três e mais milhões de dias a paixão enclausurada no coração juvenil, até que ela desaparecesse como apareceu. Do nada, entre as gentes passando naquela festa ao anoitecer quando a vimos pela primeira vez. E também pela última vez, naquele outono-inverno de luz anil de maio, nuvens rápidas e esguias no ar, perfume de magnólias e begônias nos jardins do antigamente.

Juvenil de Souza pega gripe no
começo de inverno e fica de molho
até o final de agosto. Quanto às
paixões, deixa que elas aqueçam
seu coração até o verão chegar.



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