English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Martelinho


Logo depois do almoço ele aparecia com um apito, parava, tirava a armação de madeira e montava a banca. Ali dentro estava o mistério, a doçura e a dureza daquele doce indescritível, de uma cor morena com alguns fios mais claros, duros que nem pedra e que ia se desmanchado no céu da boca.
O homem cortava as pedras do doce e batia com um martelinho - daí o nome do doce.
A gente pegava a porção embrulhada num papel de pão e ia saborear a delícia das delícias sentado na calçada de pedra preta e quente. Primeiro, era colocar na boca, umedecer bem o pedaço do doce,mastigar um pouco e esperar que ele fosse se dissolvendo, causando um prazer inesquecível- mal comparado, como se fosse o beijo da menina muito amada. Durava horas e horas, grudando nos dentes, nos dedos e no papel lambuzando os lábios que ficavam colados.
Sobrava um resíduo no papel que era lambido até não restar mais nada de açúcar.
O homem sumiu, o martelinho sumiu. Seria feito do quê? Açúcar queimado? Nuvens fundidas? Nuca se soube e, talvez, ninguém jamais saberá.

Juvenil de Sousa saboreava o doce mui raramente porque nunca tinha dinheiro para comprar.


Próxima crônica

Página anterior

Nenhum comentário:

Postar um comentário