English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

As corruíras do verão

A solidão no quarto frio onde moramos na cidade grande percebemos que ela começou a trinar seu canto de acasalamento alegre e melodioso. Seis, seis e pouco da manhã, começa a cantoria e aí a acordamos meio na preguiça de levantar da cama para enfrentar outro dia de trabalho. Da janela, observamos que a pequena corruíra fizera o ninho no beiral de uma casa de fundos onde mora uma senhora que passa o dia lavando e passando roupa.
A avezinha cata insetos no chão, formigas, besouros e volta para o ninho rapidamente. De vez em quando pousa no galho seco do pessegueiro morto e trina alegremente. Debruçado à janela, lembramos de outras corruíras nos quintais de antigamente quando a não era preciso corruíras para nos lembrar dos quintais de antigamente. Lá embaixo a lavadeira continua sua faina, fechamos a janela do quarto e o canto da avezinha desaparece naquele roncar de carros, bancos abrindo as portas, gente com pressa na rua, fumaça, barulho e correria à toa. A caminho da forca onde nos aguarda o insípido trabalho constatamos, com tristeza, que nada vale mais que o trinado de uma corruíra que nos acorda de manhã, toda manhã.

Juvenil de Souza ouve
pássaros e também estrelas.


Próxima crônica
Página Inicial